seguir vivendo nesse ritmo frenético. Fingimos que não temos problemas e sonhamos com mudanças.
Acontece que as coisas não mudam magicamente pelo simples fato de que transformar esse estado de caos depende de atitudes que, por mil motivos, não conseguimos ter. Os problemas se somam, se acumulam e, mais uma vez, não olhamos para eles. A energia diminui, a alegria vai acabando e a saúde se deteriorando.
Mas... e daí? Hoje em dia, é tão normal sentir e viver o estresse que preferimos pensar que isso não é um problema. Na verdade, em pequenas quantidades ele é até benéfico. Mas isso se transforma quando lidamos excessivamente com situações e com estressores que se acumulam em grandes quantidades e de forma crônica. Isso vai afetar o corpo e a mente e, muitas vezes e infelizmente, de maneira irreparável.
O estresse crônico ignorado e não tratado pode dominar você e sua vida. É essencial aprender sobre os sinais ocultos que ele apresenta para que você consiga se ajudar e prosseguir com saúde.
O estresse é uma resposta do corpo a situações que ele percebe como ameaçadoras. Do ponto de vista da história de evolução da espécie humana, não é uma manifestação totalmente ruim. Precisamos dele para enfrentar situações que, de uma forma ou de outra, nos colocam sob tensão e expectativa.
A questão se refere à quantidade e à qualidade dos estressores (situações que desencadeiam o estresse) a que estamos submetidos diariamente. E nem todos os estressores são externos. Alguns nós geramos internamente: preocupações irracionais, perfeccionismo e etc.
São esses estressores que acionam nosso cérebro, que envia mensagens às glândulas suprarrenais para secretar mais cortisol, o principal hormônio do estresse e que afeta significativamente o humor e a concentração. O cortisol, por sua vez, aumenta a frequência cardíaca e, quando em excesso, pode inviabilizar algumas funções do organismo.
Ou seja, a longo prazo, muito estresse, muito cortisol, problemas de saúde na certa, com sintomas físicos, cognitivos e emocionais. A palavra-chave é a redução do estresse e, para isso, é preciso primeiro identificar as causas para então estabelecer um plano de ação e cuidado.
Conhecemos os sinais mais comuns de estresse, como a ansiedade, por exemplo. Mas o que a maioria das pessoas não sabe é que o estresse pode afetar tudo, desde os padrões de sono até a dieta e a acuidade mental.
Veja abaixo se você vem apresentando esses três sinais ocultos de estresse.
Quando você está estressado, o cortisol secretado pode alterar seu apetite. Em grandes quantidades, ele pode te induzir a desejar alimentos açucarados, salgados ou gordurosos, que são altamente calóricos. Além do mais, você vai desejar ingeri-los em grande quantidade, numa quantidade maior do que normalmente você comeria caso não estivesse sob o domínio do estresse.
Este é o ciclo do comer por estresse e que a maioria das pessoas não percebe quando se adentra nele. É um sinal claro de que seus níveis de estresse estão fora de controle.
Pode ocorrer também o oposto. Mesmo que a reação biológica seja comer quando você está estressado, algumas pessoas ficam tão ocupadas que se esquecem de comer. Os sinais de fome ainda existem e seu cérebro vai enviar mensagens para que você se alimente, mas você vai ficar tão concentrado no estresse que vai se esquecer de ouvir seu corpo. Então, você vai comer menos do que precisa.
O estresse afeta também o metabolismo, deixando-o mais lento. Estudos científicos já mostraram que pessoas extremamente estressadas queimam menos calorias durante o dia, especialmente quando ingerem refeições com alto teor de gordura. E é claro que essas pessoas ganharão mais peso ao longo de alguns meses.
Assim, caso você (ou alguém que lhe é significativo) esteja se alimentando em excesso ou muito menos do que o normal para você, fique atento. Esses padrões alterados de alimentação podem somente indicar algum transtorno alimentar, mas nem sempre essa é a causa. Na maioria das vezes, você poderá descobrir que o motivo da mudança nos padrões alimentares é o estresse.
O estresse crônico tem um efeito perceptível no sistema nervoso, pois o mantém em alerta por mais tempo. Ficar “ligado” o tempo todo vai interferir alterando os seus horários de descanso, podendo atrasar o início do sono. E mesmo que isso não aconteça, vai fazer com que pensamentos rápidos e ansiosos encontrem na noite um ambiente mais propício para sua formação. Esses pensamentos podem facilmente mantê-lo acordado e atrapalhar a qualidade do seu sono.
Às vezes, nem é o estresse que causa a falta de sono, pois pode ocorrer de você ficar mais estressado por não conseguir dormir. Mas não importa se o estresse é a causa ou o efeito, pois ainda assim temos um ciclo vicioso: estressado, você não consegue dormir. Cansado, experimenta ainda mais estresse. Não descansando como deveria, seus níveis de estresse permanecem altos, o que impede que você durma bem. Uffaaa!!!
Mas nem todas as pessoas vão viver a experiência de dormir menos. Algumas vão se alimentar em demasia durante a noite, o que vai deixá-las sonolentas e mais propensas a dormir mais.
Estando o estresse geralmente relacionado à depressão, muitas vezes vai levar também ao cansaço excessivo. Você pode dormir demais e, ao acordar, sentir que não consegue, “não dá conta” de sair da cama. Você pode até querer dormir para não ter que se sentir mais estressado ou triste.
Mesmo estando sob estresse, você ainda pode ter um ritmo de sono regular durando entre sete e nove horas, como o recomendado pelos profissionais de saúde. No entanto, pode ser que você acorde com frequência (sono excessivamente leve) ou tenha um sono agitado, com pesadelos ou sonhos perturbadores e que vão afetar significativamente a qualidade do seu sono, fazendo com que você acorde com a sensação de que não conseguiu descansar durante a noite.
Nos processos de aprendizagem, manter o estresse sob controle é especialmente importante. Em níveis considerados normais, o estresse vai ajudar na concentração para lidar e sair de situações desafiadoras, como quando estamos aprendendo algo.
Em nível moderado, ele pode, inclusive, melhorar a capacidade de aprendizagem, pois você poderá se lembrar mais e melhor do que está aprendendo se seu objeto de aprendizado estiver diretamente relacionado ao seu estressor (um exemplo: se você se estressar por ter que se submeter a uma prova de matemática, poderá aprender matemática melhor e não conseguir aprender algo não relacionado, como por exemplo, biologia).
Em excesso, o estresse vai dificultar todo o processo de aprendizagem. Ele vai alterar suas memórias mais antigas, facilitando com que você acredite em informações falsas sobre o passado. Seu cérebro vai ter mais dificuldade em recodificar essas memórias e isto vai dificultar o funcionamento da memória de longo prazo, mais acionada quando se trata de conhecimento.
Outro fato é que também você terá mais dificuldade em criar memórias de curto prazo e em transformá-las em conhecimento, algo que permanece no longo prazo. Além disso, haverá uma tendência a encobrir detalhes.
Em resumo, pode-se dizer que tudo somado – alteração nos padrões alimentares + alterações no ritmo de sono + baixa concentração – vai prejudicar significativamente os processos de memorização, tão necessários a uma boa aprendizagem. Em poucas palavras, quando você está sob estresse intenso e crônico, é muito mais difícil aprender.
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